Um ato e 7 dias


Em 1917 chegava ao Brasil Anita Malfatti uma artista plástica que passara sua vida estudando nos EUA e na Europa recebendo em sua veia as vanguardas europeias que desde começo do novo seculo estava em uso naquela parte do mundo, "um bom filho a casa torna" justificando mais uma vez esse ditado popular, Anita Malfatti volta a seu pais de origem e resolve então organizar uma exposição de pinturas modernas em sua cidade natal, São Paulo, juntamente com um grupo de vanguardistas da localidade.
Levando em conta sua criação artística modernista, Malfatti acreditava fielmente que já era chagada a hora do Brasil abandonar os modelos Pré-modernistas e entrar de vez na era moderna que já embalava a Europa do inicio do século XX, sua ousadia teria um grande preço.
Em uma moeda existem dois lados, no lado “cara” existia uma bela moça jovem com uma nova maneira de ver e fazer arte pulsando em suas veias e o desejo de revolucionar um lugar que tanto amava, talvez mostrar que uma nova era estava a nascer aqui e assim ser conhecida como a a pessoa a dar inicio ao modernismo no Brasil. Do lado da coroa estava a elite Pré-modernista que trazia em sua frente de batalha os mestres em literatura brasileira: Euclides da Cunha, Graça Aranha, Lima barreto, Valdomiro Silveira, Augusto dos Anjos. Sendo seu principal “líder” e principalmente defensor, Monteiro Lobato, Com suas criticas literárias e artísticas publicadas em sua coluna em um dos principais jornais do pais, Folha de São paulo. Chocante! Extravagante! Novo! Ilusório! Devastador! Misticismo! Paranoia! De quase tudo foi adjetivada a exposição de Anita. Pessoas aplaudiram outras ficaram apenas chocadas com aquela quantidade de cores e formas que jamais haviam visto. Algumas pessoas gostaram tanto da novidade que levaram para suas casas obras, levando a Malfatti acreditar que realmente estava ocorrendo tudo bem mas Monteiro Lobato assim como toda a frente de batalha do lado “Coroa”, também estiveram. E alguns dias depois, Lobato decide então lançar a critica mais devastadora e destruidora da historia artística e literária do brasil, carinhosamente nomeada pelo próprio de “ Paranoia ou mistificação? “ já declarado Passadista fiel, Lobato critica toda a estrutura das Vanguardas Europeias, desancou não só a exposição, como o futurismo, o cubismo, o impressionismo e todos os "ismos" da moda, dizendo-os produtos dos tempos decadentes, de cérebros deformados, afirmando que a única diferença das telas de Anita daquelas feitas nos manicômios, como terapia, é de que a dos loucos era "arte sincera".
Depois de tais criticas vinda de Lobato, obras foram devolvidas, outras destruídas e Anita Malfatti some do mundo das artes por 5 anos, deprimida com o que Monteiro escrevera de suas obras, mas não ficou por isso. Lobato não acabou com o Pré-modernismo que acabava mesmo de chegar, mas sim apressou ainda mais sua vinda definitiva a terras tupinambas, um grupo de jovens vanguardistas então resolvem promover o que chamaram de “ Semana de Arte Moderna “ que seria uma preparação ao brasil para a chegada de uma nova era na arte, musica e literatura, a poderosa e inovadora era Modernista. Leituras, debates, brigas, xingamentos, desafios, denuncias, houve de quase tudo naquela semana de fevereiro, algumas pessoas da alta classe de são paulo não aceitavam a ideia modernista, por conta de uma era de muitos bons frutos passadistas, seus autores questionavam de todas as maneiras possíveis as ideias modernas, alegando o que antes já havia escrito Lobato, uma obra louca, sem sentido, mistificação ou paranoia. Foi uma batalha entre duas escolas literárias de grande importância para o brasil. Enfim os pré-modernistas deram espaço para uma nova era moderna. Ficaram para trás o regionalismo, a dualidade entre o Sul e o Nordeste para o o futurismo, o cubismo, o impressionismo e todos os "ismos", a era de grandes autores como: Antonio Olinto, Ariano Suassuna, Clarice Lispector, Domingos Carvalho da Silva, Elisa Lispector, Ferreira Gullar, Geraldo Vidigal entre outros e mais outros que nos encheram de ótimos livros e ensinamentos eternos.