Psicopata: Virgem

    Ele está deitado em sua cama, olhando para o teto do quarto, o silencio parecia absoluto se não houvessem alguns passarinhos na árvore em frente a sua janela, ou uns gritos ao longe, provavelmente das crianças da rua, com qualquer brincadeira idiota que seja. Ele levanta e vai até o porão. A maquina de datilografia estava em cima de alguns álbuns da época de garoto, ao lado de um enorme baú que ele nunca abriu, foi-lhe entregue por seu pai pouco antes de sua morte. Rapidamente pega a maquina e volta ao quarto, pega a bombinha de asma e com alguns movimentos um pouco desesperados volta ao normal, ainda ofegante promete pra si mesmo não voltar aquele porão, aquele ambiente sujo não lhe agradava.

    Desde algumas semanas ele tem estado diferente, já causou preocupação em seus amigos do trabalho, a dona Celeste que mora ao lado, sua prima com quem falava uma ou duas vezes por semana e até mesmo em seu gato Sir. Lancelot, que foi nomeado assim, logicamente em homenagem a Sir. Lancelot, o melhor cavaleiro da Távola Redonda. Até seu gato parecia perceber sua mudança. Ele estava muito pensativo, talvez arrumando forças em si mesmo para colocar em ação seu plano já traçado a algumas semanas, e julgando a determinação que agora brota em seu rosto até Sir Lancelot perceberia que ele finalmente à conseguiu.
    Ao terminar sua primeira carta, em sua face já transparece outro ser, ele já estava transformado por aquele desejo inexplicável. Já são altas horas da madrugada, seu rosto também mostra muito cansaço, pega a carta com a mesma luva que usou para escrevê-la e até mesmo para manusear o papel usado, a coloca em um envelope e deixa em cima de sua mesa. Ele volta a cama e deita-se até perceber que seu gato se encontrava ao lado, começa a lhe fazer carinho e em menos tempo que de costume, dorme.
    Algumas horas depois, acordando, ele levanta e vai até o banheiro, como de costume jogou água em seu rosto e percebeu que havia mudado definitivamente, mesmo assim continuou. Escovou os dentes e foi até a cozinha onde fritou alguns ovos e os comeu com sua bolacha preferida, uma xícara de café lhe acompanhou não só no café como no quarto enquanto se arrumava para seu trabalho, coloca seu terno já bem usado mas ainda elegante, ajeita sua gravata quando se olha no espelho e percebe que a mesma está desalinhada alguns centímetros, pega seu casaco e sua luva e caminha até sua mesa de escritório, pega alguns papeis e os coloca em sua pasta, observando que a carta ainda se encontra lá no mesmo local, coloca sua luva e desloca a carta até sua pasta. Ao longo do dia ele age normal, tentando esconder o que está dentro de si mesmo, desde que escrevera aquela carta, um enorme sentimento de prazer lhe flechou quando colocou a mesma na caixa dos correios mais próxima que encontrou no caminho de sua casa até o seu trabalho, Observando a carta no ultimo momento, leu pela ultima vez tentando reconhecer algum erro existente, nela havia “ De: Anonimo(me chamem como quiser); Para: ATI – Agencia de Tática e Inteligencia da Policia Federal do Brasil.
    Depois de um longo dia ele volta a sua casa, janta e caminha até seu quarto onde horas antes começara tudo, dessa vez ele não vai até o porão, nem ao menos voltou a escrever alguma carta, tira a roupa em movimentos de certa forma automáticos e totalmente despido volta a deitar-se. Deitado, olha para a grande bolsa preta que trouxe consigo ao lado da cama, alguns segundos se passam, um leve sorriso aparece em seu rosto completamente mudado, ele fecha os olhos, e de maneira mais automática e brilhante ainda, planeja seus próximos passos...